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Abraji constata 385 bloqueios de autoridades a jornalistas no Twitter; Cinthia Ribeiro figura entre os autores da prática contra a imprensa

Cinthia Ribeiro (PSDB), figura entre as autoridades que bloqueiam jornalistas –  Foto: Edu Fortes

Levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) registrou 385 bloqueios de autoridades públicas brasileiras a profissionais de imprensa até 11 de novembro. O monitoramento, realizado desde setembro de 2020, mostrou que ao menos 192 jornalistas foram impedidos de acessar contas de parlamentares, ministros, prefeitos e/ou do presidente da República. No Tocantins, a prefeita de Palmas, Cintha Ribeiro (PSDB), figura entre as autoridades autoras da prática contra jornalistas.

Confira mais informações do monitoramento aqui

O presidente Jair Bolsonaro lidera o ranking como autoridade que mais bloqueou jornalistas no Twitter, com 104 restrições. Em segundo lugar está Mário Frias, ex-secretário especial da Cultura, com 43 bloqueios. Em seguida aparece Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação, com 42. Somados, os vetos dos três representam 49% do total de bloqueios.

Só em 2022, foram 36 bloqueios a profissionais de imprensa. A maioria dos jornalistas relatou que o veto foi motivado por questionamentos e críticas que fizeram às autoridades.

Abraji passou a registrar de forma contínua os bloqueios de agentes públicos após identificar em um levantamento, realizado em mai.2020, que esta era uma prática recorrente contra os profissionais de imprensa. Os casos são contabilizados por meio de busca ativa por palavras-chave e coleta de respostas neste formulário.

A maioria dos profissionais relata que o veto é uma resposta aos questionamentos e críticas postados com menções aos perfis das autoridades – desde um retuíte até a publicação de uma reportagem. Outra parcela significativa de repórteres, colunistas e editores não sabe o motivo do bloqueio. O impeditivo dificulta a apuração de jornalistas que recorrem, especialmente em períodos eleitorais, às redes sociais de políticos para acompanhar as manifestações oficiais dos postulantes aos cargos públicos. 

A jornalista e idealizadora do ProIndígenas, Juliana Lourenço, foi bloqueada por cinco autoridades públicas no Twitter. Ela comenta que o bloqueio do presidente, em set.2022, impactou na sua cobertura durante as eleições. “É como se eu estivesse procurando informações no escuro. Tive que recorrer ao perfil Desbloqueando Bolsonaro que posta os mesmos tuítes dele para quem é bloqueado”, contou Lourenço.

Para Fernanda K. Martins, antropóloga e diretora do InternetLab, o trabalho jornalístico desenvolvido nas redes sociais, sobretudo no Twitter, possui um papel significativo no compartilhamento de informações. “Assim como os políticos têm uma responsabilidade sobre o que é dito e veiculado, os jornalistas também têm uma função que é bastante pública e social sendo desempenhada ali. Então, não dá para tratar a conta de um jornalista como uma conta de um usuário qualquer”, explica. 

A escalada de violações contra jornalistas

Ao passo que as violações de liberdade de expressão e de imprensa e ao direito de acesso à informação crescem no ambiente digital, jornalistas enfrentam uma crescente de ataques físicos no Brasil. O presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece como o primeiro na lista de autores de ataques desde 2019, segundo o relatório Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, organizado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

Em 2020, Bolsonaro foi responsável por 175 ocorrências (40,89%) de agressão. Neste mesmo ano, a Abraji registrou o maior  índice de bloqueios contra jornalistas (162). Sozinho, o presidente vetou o acesso de 45 profissionais de imprensa ao seu perfil no Twitter. Já em 2021, ano em que a Fenaj registrou 430 episódios envolvendo o presidente, a Abraji identificou 65 bloqueios.

Das nove autoridades públicas que mais bloquearam jornalistas, cinco constam no ranking de atores estatais que cometeram violência de gênero contra a categoria em 2021. Além do presidente, aparecem na lista os seus filhos Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL); o ex-secretário Mário Frias; e o ex-presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo. 

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