Da Redação

Após denúncias de moradores da quadra T-30, localizada no Setor Taquari, em Palmas, sobre a falta de água no setor, a Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO), por meio do Núcleo Especializado de Defesa das Minorias e Ações Coletivas (Nuamac), esteve no bairro e constatou in loco a problemática.
Diante da situação, a Defensoria, por intermédio do Nuamac Palmas, oficiou a BRK Ambiental/Saneatins, a fim de obter mais informações acerca dos motivos que estão prejudicando o fornecimento de água na área e quais providências estão sendo tomadas para solucionar o problema. O documento foi protocolado nesta sexta-feira, 29, e estipula o prazo de 10 dias para respostas. O defensor público Fabrício Brito, coordenador em substituição do Núcleo, realizou um atendimento coletivo os fatos.
O ofício foi direcionado ao diretor presidente da BRK
Ambiental Participações S.A. Tocantins, Denis Lacerda, e solicita informações
acerca do motivo da não disponibilização de água encanada para mais de 150
famílias que residem na Quadra T 30 do Setor Taquari e que seja informado se
procede à assertiva que a não disponibilização da água é motivado pelo fato de
tratar-se de área de ocupação urbana informal.
Problemática
Na quadra T-30 residem mais de 150 famílias. Conforme os moradores, durante a semana, onde a maioria está fora de casa para trabalhar, há pouca oferta de água na quadra, apenas em alguns períodos. “Em horários onde quase todo mundo está trabalhando, tipo no meio da manhã ou da tarde, vem um pouco de água. Mas é só por pouco tempo porque logo acaba também”, disse outra moradora, a dona de casa Rita Ferreira. Ainda conforme a comunidade, aos finais de semana, a oferta de água é zerada. “Basta cinco ou seis casas ligarem a água ao mesmo tempo, que acaba a água da quadra inteira. É um absurdo viver nesta situação”, indigna-se Rita.
Os moradores que trabalham durante o dia têm de escolher trocar o sono pela utilização de água. “Eu levanto às 3 horas da manhã para juntar água em alguns baldes e guardar para que eu possa utilizar pela manhã, antes de sair para o trabalho. Ou então, tenho que deixar de tomar banho porque cedinho da manhã é quase impossível de achar água. Aí fico armazenando água no que dá, nos litros de refrigerante, tanquinho, baldes e etc”, disse o morador Joaquim Moraes.
Diante da falta de regularização, que os moradores aguardam
há mais de 12 anos, as casas são improvisadas, sendo construídas com madeiras e
lonas. A casa de Rita Ferreira é uma dessas. No local, há apenas uma torneira
dentro do banheiro para consumo de água, tanto para a higiene pessoal quanto
para limpeza da casa e alimentação da família. “Eu tenho que esperar o dia todo
para dar 3 ou 4 horas da tarde, que sei que vai sair um pouco de água, para dar
conta de todo o serviço de casa. E, mesmo assim, tenho que fazer tudo correndo
porque sei que a qualquer instante vai acabar também”, disse a dona de casa.
“A gente consegue viver sem energia elétrica, sem gás, com pouca comida, mas é
impossível viver sem água.” A fala é da líder do movimento de trabalhadores do
Setor Taquari.
O defensor público Fabrício Brito lembrou que a regularização do setor é outra demanda urgente do bairro, mas os moradores necessitam do mínimo de estrutura para sobrevivência. “Até que saia a regularização, os moradores precisam viver com o mínimo de dignidade, pois a falta de água prejudica necessidades básicas como alimentação, higienização e água potável para o consumo”, declarou o defensor público, ressaltando que “se trata-se de uma situação de alto risco, já que as temperaturas estão elevadas e a questão é de saúde pública e afeta os direitos humanos”. (Com informações da Ascom da DPE-TO).



