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Com restrições ao uso de redes sociais e proibição de críticas à autoridades, lei que cria Estatuto da Polícia Civil é publicada

Por Dermival Pereira

A edição do Diário Oficial do Tocantins (DOE) desta quinta-feira, 25, trouxe a publicação da Lei Nº 3.461, que criou o novo Estatuto da Polícia Civil do Tocantins. Vista pela categoria como uma forma de amordaçar a Polícia Civil, a lei de autoria do governador Mauro Carlesse (PHS), aprovada pela Assembleia Legislativa no mês passado, traz várias restrições à corporação.    

Entre os pontos mais polêmicos, está a restrição do uso de redes sociais, de que trata o artigo 96, inciso IV. Nele, o Estatuto diz que, o membro da corporação deve “agir com reserva, cautela e discrição ao publicar seus pontos de vista nos perfis pessoais nas redes sociais, evitando a violação de deveres funcionais e a exposição negativa da corporação”.

Os policiais ficam proibidos, a partir de agora, de “promover a manifestação contra ato da administração ou ensejar movimento ou manifestação de desapreço relacionado a qualquer autoridade, utilizar rede social não oficial para a divulgação do trabalho da repartição, dados estatísticos da corporação ou informações sobre operações policiais, referir-se ou dirigir-se, por qualquer meio, inclusive redes sociais, ao superior hierárquico ou a corporação a que pertence de modo desrespeitoso ou ofensivo”.

A nova lei também proíbe os policiais civis de “manifestar-se publicamente, através da mídia ou quaisquer outros meios eletrônicos, sem autorização ou fora dos limites do que foi autorizado, sobre investigação que esteja sob a sua responsabilidade ou que dela participe ou tenha conhecimento”, diz a lei dentre outras exigências.

A Lei também dispõe sobre as normas da carreira da Polícia Civil, como direitos, deveres, lotação e remanejamento.

Nos últimos meses, a gestão estadual desencadeou uma crise com a categoria em virtude de uma série de ações que desagradaram delegados e agentes. Entre eles, a demissão dos doze delegados regionais, alguns a frente de operações de grande impacto, como a que investigou descarte ilegal do lixo hospitalar em Araguaína.

Outro ponto que agravou a relação entre a categoria e o Governo foi a criação, via decreto, de um Manual de Procedimentos da Polícia Civil. Neste, o delegado de polícia fica obrigado a comunicar previamente, ao delegado-geral, a realização de operações em órgãos públicos, não pode tecer qualquer crítica a autoridades e nem conceder entrevistas sem autorização de seu superior.

 

  

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