Para 51% dos entrevistados pelo Datafolha o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve ser condenado por sua campanha contra as urnas eletrônicas e se tornar inelegível por oito anos, conforme é previsto na lei. Já outros 45% acreditam que ele é inocente e não deve ser punido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As informações com os dados da pesquisa foram publicadas pelo Portal Terra.
O percentual que defende a inelegibilidade de Bolsonaro, ouvido entre os dias 29 e 30 de março, acreditam que a perda dos direitos políticos é a punição mais correta para o ex-presidente, já que Bolsonaro tentou por diversas vezes desacreditar o sistema eleitoral brasileiro.
No entanto, outros 45% defendem que ex-chefe do Executivo deve ser liberado pela Justiça Eleitoral para disputar os próximos pleitos.
Dos 2.028 ouvidos pelo Datafolha, não souberam avaliar a questão estimulada 4% dos entrevistados. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
TSE avançou no processo para torná-lo inelegível
De acordo com a Reuters, o Tribunal Superior Eleitoral concluiu a coleta de provas no processo de tramitação mais avançada que pode tornar inelegível Jair Bolsonaro. A ação trata dos ataques feitos ao sistema brasileiro de urnas eletrônicas, em reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em meados do ano passado.
Na sexta-feira, 31, o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Benedito Gonçalves, deu um despacho em que confirmou a conclusão da fase de colheita de provas, chamada de instrução. Ele abriu prazo para que o Ministério Público Eleitoral e as partes — o PDT e a defesa da chapa eleitoral de Bolsonaro — se manifestem.
Segundo uma fonte do TSE informou à Reuters, as partes têm até a segunda-feira, 10, e o MP Eleitoral até dia 12 para se manifestarem no processo. Feito isso, Gonçalves prepara o relatório –resumo do processo– e seu voto, e pede data para julgar o caso. Caberá ao presidente do TSE, Alexandre de Moraes, marcar a data do julgamento. Não há, por ora, previsão de isso ocorrer.
É nessa ação em que foi incluída a chamada minuta do golpe. Esse documento foi encontrado pela Polícia Federal em janeiro, durante cumprimento de uma busca e apreensão feita na casa do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres. Ele havia sido preso sob acusação de ter se omitido como chefe de segurança para prevenir os ataques de 8 de janeiro.
Essa minuta de um decreto procurava estabelecer as condições para a reversão da vitória eleitoral do agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por meio de um estado de defesa no TSE, não previsto na Constituição, em um indicativo de que poderia haver um golpe de Estado sendo planejado.
Aliados de Bolsonaro receiam que ele, que retornou ao país na semana passada, seja condenado pelo TSE e fique inelegível. O ex-presidente ainda responde a mais de uma dezena de investigações eleitorais no próprio TSE e criminais no Supremo e em instâncias inferiores. Um dos casos recentes diz respeito ao suposto recebimento irregular dele de joias dadas de presente pelo governo saudita. Ele, que deve depor nesta terça-feira na PF sobre o caso, tem negado irregularidades no caso.