Afastado do Poder Executivo há quase três anos acusado de corrupção, o ex-governador Mauro Carlesse (Agir) voltou a ser alvo de operação relacionada suspeitas de contratações fraudulentas feitas durante o período que geriu o estado. A história política de Carlesse envolve diversas operações policiais, afastamento, processo de impeachment e renúncia ao cargo.
Nesta segunda-feira (26), uma nova operação da Polícia Federal cumpriu mandados de busca contra o ex-governador. Nomeada de Timóteo 6:9, passagem bíblica que que fala da ambição para acumulação de riquezas, a ação contou com o cumprimento de 30 mandados de busca e apreensão. Os alvos são investigados pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Os federais apuram supostas fraudes em contratos firmados pela extinta Secretaria de Infraestrutura, Cidades e Habitação do Estado do Tocantins (SECIHD), pasta do governo de Carlesse, com empresa de especializada na prestação de serviços de locação de máquinas pesadas e caminhões. Também estava previsto o fornecimento de combustível e serviço manutenção preventiva e corretiva para atender a Agência Tocantinense de Transportes e Obras (Ageto).
Relembre a trajetória e polêmicas que envolveram o governo de Mauro Carlesse até a renúncia.
Eleições e afastamento
A história de Carlesse no Poder Executivo começou após a cassação do ex-governador Marcelo Miranda, em março de 2018. Ele era presidente da Assembleia Legislativa e após concorrer em uma eleição suplementar para mandato-tampão, foi escolhido pela maioria dos votos em junho do mesmo ano.
O mandato-tampão terminaria em dezembro de 2018, mas no mesmo ano ele concorreu às eleições estaduais e foi reeleito com 57,39% dos votos válidos.
Carlesse comandou o estado até outubro de 2021, quando foi afastado do cargo pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por seis meses, durante investigações da Polícia Federal e Ministério Público Federal. Na época era apurado um suposto pagamento de propina, obstrução de investigações e desvio de recursos públicos.
Três operações deflagradas pela PF levaram ao afastamento:
- Éris: teve o objetivo de desarticular uma suposta organização criminosa na Secretaria de Segurança Pública (SSP), responsável por obstruir investigações e vazar informações aos investigados.
- Hygea: buscava desmantelar esquema de pagamentos de vantagens indevidas relacionadas ao Plansaúde, plano de saúde dos servidores estaduais.
- Baco: um desdobramento da Hygea que aprofundou o esquema de propinas no plano de saúde dos servidores públicos.
Em março de 2022, as acusações contra o então governador afastado levaram à abertura de um pedido de impeachment na Assembleia Legislativa.
Os deputados do Tocantins chegaram a aprovar em primeiro turno, por unanimidade, a continuação do processo de impeachment. Carlesse chegou a entrar com um mandado de segurança pedindo a suspensão dos trabalhos da comissão na AL, mas o Tribunal de Justiça negou.
Em uma sexta-feira, 11 de março de 2022, horas antes da votação em segundo turno que definiria se o processo de impeachment iria continuar, Carlesse apresentou uma carta renunciando ao Governo do Tocantins.
Fonte: G1 Tocantins