Por Núbia Silva dos Santos
A morte é nossa única certeza. Em nossa cultura, não lidamos bem com a morte – não estamos preparados para ela. Alguns, por sofrimento e adoecimento, desistem da vida, e “optam” pela morte voluntária. Mas, de maneira geral, o ser humano tudo daria para continuar vivo, se lhe fosse possível tal barganha. Na literatura e no cinema, temos os pactários, que buscam a vida eterna. Enfim, não desconhecemos a morte diária, não estamos subestimando a morte, nem sendo hipócritas. Muito menos, achando que só a Covid-19 mata.
Da covid-19 temos medo, pelo desconhecido em relação a ela e porque ela, “democraticamente”, pode ceifar nossa vida (a de qualquer um de nós, sem distinção alguma), o medo maior é de morrer mesmo e também o de perder para a morte entes que amamos. Sísifo enganou aos deuses e conseguiu se livrar da morte. Mas isso é coisa da mitologia. Nós precisamos sim analisar nossas ações e nosso ponto de vista sobre a vida e sobre como a vida é tratada e ceifada.
A iminência da morte possibilita isso ao ser humano. A covid-19 pode e deve nos possibilitar essa reflexão. Nem todos, infelizmente, podem ficar em casa e isso, pela luta pela vida, seja pela sua própria, para buscar a subsistência, pela vida dos seus entes queridos, ou pela vida dos demais, no caso daqueles que atuam nos serviços essenciais, como profissionais da saúde, da segurança pública e outros que garantem o essencial para a vida.
Mas, diante da morte iminente, podemos e devemos nos questionar sobre o que é essencial para a vida, bem como quais vidas importam? Quanto vale uma vida? Que valor tem a vida para mim? O que faço para que minha vida tenha qualidade e se prolongue? O que faço para que a vida dos meus semelhantes seja melhor e igualmente mais longa, prolongada? Perguntas difíceis de responder, porque “viver é perigoso”, porque não paramos para pensar na vida que queremos e nem na vida que levamos, também, porque de modo geral, o ser humano pouco tem feito por seus semelhantes, nem todos, felizmente – há exceções.
Enfim, o momento exige de nós coragem, porque “a vida exige de nós coragem “. Estamos com medo de morrer? Estamos. Vamos morrer? Sim, todos nós, um dia morreremos. Queremos morrer já? NÃO. Se pudermos fazer algo para prolongar a vida, nós o faremos? SIM. Então, que cada um de nós, os que puderem e quiserem, façamos nossa parte. Por nós, pelos que amamos, e por nossos semelhantes, a quem devemos amar como a nós mesmos. Nós fazemos isso? Na maioria das vezes, não. Falta amor no mundo. Espero que todos saiamos melhores dessa crise, que amemos mais. Que tenhamos mais fé, mais compaixão, mais empatia, mais solidariedade e mais vida, porque a vida de todos importa e ninguém, nem mesmo o suicida, quer morrer.
Tema de grande relevância para contexto atual. Viver é a luta diária para se manter com vida. Luta é afogar nós problemas gerais individuais e coletivos. Vamos permanecer na guerra com as armas que temos. Viver é lutar!!!
Como não refletir sobre uma situação da qual desejamos no livrar. Deixemos que o amor flua de nós através dos gestos mais simples possíveis, porque é o que faz sentido . Perfeita sua reflexão minha amada amiga Núbia.
Excelente reflexão. Momentos como esse, apesar de nos deixar apreensivos e com medo…, também nos permitem repensar nossos valores, conceitos e são uma oportunidade para reconsiderarmos muitas coisas.