A reconstrução facial forense é a técnica de aproximação da aparência de um indivíduo, estudando apenas seu crânio. Este recurso pode ser aplicado em caso de desaparecido em que o crânio permanece sem ser reclamado por familiares e sem uma identidade presumida. No Tocantins, o Núcleo de Antropologia Forense e Odontologia Legal, vinculado à Superintendência de Polícia Científica da Secretaria da Segurança Pública, finalizou mais uma reconstrução facial. A análise antropológica estimou a idade entre 25 e 35 anos, sexo masculino, estatura alta entre 1,80 a 1,90 m e ancestralidade miscigenada.
A identificação foi possível graças à parceria que a Secretaria de Segurança Pública do Tocantins, por meio da Superintendência da Polícia Científica, possui com as Universidades de São Paulo (USP) e Federal de Uberlândia (UFU), por meio de um projeto contemplado pelo edital do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (Procad) em Segurança Pública, financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Polícia Federal e Secretaria Nacional da Segurança Pública do Ministério da Justiça (Senasp/MJ), e coordenado pelos pesquisadores Rodolfo Melani, professor doutor da USP; e Sérgio Cardoso, professor doutor da UFU.
“Esse projeto tem como objetivo a implementação de um fluxo de cooperação na análise tecnológica de perícias em pessoas desaparecidas por meio da cooperação acadêmico científico entre Instituições de Ensino Superior e órgãos de segurança pública”, destaca o superintendente da Polícia Científica, o perito oficial Alexandre Agreli.
Segundo o pesquisador Thiago Beaini, professor doutor da UFU, a técnica envolve a aplicação de marcadores de espessura de tecidos moles em pontos específicos da face, além de referências para a posição e o tamanho dos olhos, boca, nariz e orelhas. Todos esses parâmetros já possuem pesquisas em brasileiros, sendo parte destas fomentadas pelo mesmo projeto e desenvolvidas nas universidades participantes.
Processo de Análise
A parceria já inova na medida que implementou um fluxo inédito em que os peritos odontolegistas do IML do Tocantins, analisam o crânio por meio da antropologia física, estimando idade, determinando o sexo e a afinidade populacional. Posteriormente, fotografias sequenciais são feitas e enviadas para os pesquisadores da USP. Estes aplicam uma técnica de fotogrametria para transformar as imagens convencionais em um modelo 3D do crânio estudado.
O modelo é então enviado aos pesquisadores da UFU que realizam um processo semelhante ao manual, mas inteiramente computadorizado, aplicando a técnica com precisão, reconstruindo músculos e obtendo uma aproximação da aparência. A imagem final da face aproximada é divulgada em diferentes ângulos na esperança de que alguém reconheça o indivíduo e traga novas informações sobre os casos. A aparência final da reconstrução ainda possui a característica de um modelo digital e não de uma fotografia real.
De acordo com o pesquisador Rodolfo Melani, coordenador-geral do projeto, o grupo de trabalho tem implementado novas tecnologias e inova uma vez mais por incorporar um processo que não só garante uma aparência realista, mas também é capaz de animar o modelo feito por meio da técnica forense. “Uma análise de um crânio do Tocantins é a primeira que se tem notícia no mundo a usar desse recurso que promete se tornar um novo padrão para os trabalhos não só deste grupo, mas internacionalmente”, afirmou, indicando que a animação das imagens pode facilitar ainda mais o processo de reconhecimento.
Segundo a perita oficial odontolegista, Georgiana Ferreira Ramos, responsável pela execução do projeto no Tocantins, essa parceria garante que as técnicas já criadas e testadas em ambiente acadêmico possam ser aplicadas em favor da população. “Este caso mostra o aprimoramento das técnicas com a utilização de tecnologias digitais no processo de identificação de pessoas desconhecidas e esperamos a médio prazo que os peritos sejam capacitados na utilização dessas técnicas, com o objetivo maior de atender a sociedade por meio da ciência e da perícia criminal de ponta”, destaca.
Face reconhecida
Já é possível conferir o resultado de um desses trabalhos que vem sendo realizado nessa parceria, na importante busca por pessoas desconhecidas e desaparecidas. Se você tem informações de um desaparecido que tenha características semelhantes a deste indivíduo, procure a Delegacia Especializada de Polícia Interestadual, Capturas e Desaparecidos (Polinter – Palmas) pelo telefone (63) 3218-1848 ou Instituto Médico Legal de Palmas (63) 3218-6840. (Fonte: SSP-TO).