A dívida da Venezuela com o Brasil pode chegar a cifras bilionárias, em torno de R$ 12,5 bilhões, informa a CNN Brasil. O levantamento foi feito após o governo federal anunciar que irá levantar os débitos do país vizinho e começar a organizar seu pagamento. O assunto voltou a tona depois da visita do presidente venezuelano ao Brasil nessa semana. Ele foi recebido por Lula (PT).
Segundo a reportagem, do montante da dívida – em torno de US$ 2,5 bilhões – estão débitos com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em US$ 1,5 bilhão, além de US$ 1 bilhão em produtos brasileiros, como alimentos e aeronaves, exportados para a Venezuela.
Nesta terça-feira, 30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebe o líder da Venezuela, Nicolás Maduro, para reunião para discutir um modelo de integração entre países da América do Sul.
O encontro marca a estratégia de Lula de projetar a liderança brasileira na região e o protagonismo diplomático do País. As divergências ideológicas entre os líderes presentes ao encontro, a falta de uma pauta clara e até mesmo a indefinição sobre se haverá ou não o relançamento da antiga União de Nações Sul-Americanas (Unasul) criam dúvidas sobre o resultado prático da cúpula, segundo diplomatas.
O Itamaraty confirmou a presença dos presidentes da Argentina, Alberto Fernández, da Bolívia, Luis Arce, do Chile, Gabriel Boric, da Colômbia, Gustavo Petro, do Equador, Guillermo Lasso, da Guiana, Irfaan Ali, do Paraguai, Mario Abdo Benítez, do Suriname, Chan Santokhi, do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e como já citado, da Venezuela, Nicolás Maduro.
Grupo de trabalho vai analisar a dívida e o pagamento
Na segunda-feira, 29, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo brasileiro vai criar um grupo de trabalho para consolidar a dívida da Venezuela com o Brasil e, a partir desse diagnóstico, organizar a programação para o pagamento dos débitos.
Haddad afirmou ainda que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços está cuidando de temas de intercâmbio comercial entre os dois países, enquanto o Ministério de Minas e Energia tratará de assuntos relacionados ao comércio de energia.
O que diz a Venezuela
Os venezuelanos reconhecem o atraso bilionário, mas questionam o pagamento dos juros. Segundo diplomatas, eles argumentam que não havia como pagar nem discutir a situação do salvo devedor antes porque os governos romperam relações diplomáticas de vez em 2019. O afastamento ocorreu em 2016, quando do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Ainda na segunda-feira, Lula e Maduro foram questionados sobre o pagamento dos débitos venezuelanos ao fim de um almoço no Itamaraty. Lula, então, perguntou a Maduro se ele sabia tamanho da dívida. O líder chavista afirmou que a comissão iria estabelecer a “verdade” sobre o montante.
“Vai ser estabelecida uma comissão para estabelecer esse tamanho e retomar os pagamentos”, disse o venezuelano. “A comissão vai estabelecer a verdade (sobre o total devido)”. (*Com informações da Reuters e Estadão)