O Governo do Tocantins, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), fez a entrega de mais de 60 carteiras nacionais do artesão para lideranças do povo Krahô. Os três representantes receberam os documentos em nome de outros artesãos de suas comunidades. Estiveram presentes Roberto Krahô, cacique e conselheiro de Educação Escolar Indígena, Francisco Hyjnõ Krahô, coordenador de Meio Ambiente Indígena, Maria José Cape, presidente da Associação Curtà Kô e Lorayne Ferreira, servidora da Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot), que na ocasião representou o diretor de Proteção aos Indígenas do Tocantins, Paulo Xerente. A entrega das carteiras foi feita pela superintendente de Fomento e Incentivo à Cultura, Kátia Maia Flores.
De acordo com Roberto Krahô, na aldeia Manoel Alves Pequeno, onde é cacique, vivem em torno de 430 pessoas, das quais cerca de 50% trabalham com artesanato. “Eu trabalho com madeira e faço objetos como lanças. Meu pai era artesão profissional, fazia de tudo com madeira e eu aprendi com ele. O artesanato ajuda a fortalecer a nossa cultura”, disse.
Na ocasião, o cacique reforçou a importância de passar a produção do artesanato adiante, ensinando suas técnicas para futuras gerações como uma forma de manter e fortalecer a cultura do povo, que também enfrenta os desafios da modernidade, especialmente a juventude com o advento das novas tecnologias. “Por envolvimento na cultura não-indígena, muitas vezes eles não querem se envolver na nossa. Não por falta de incentivo ou por falta da beleza, mas o celular também é muito bom, então às vezes eles acabam esquecendo de fazer suas atividades. Nós queremos ensinar as crianças sobre a origem da nossa cultura. Ensinar a cortar o cabelo, furar a orelha, fazer as pinturas… Tudo o que simboliza o povo Krahô. Essa identidade pode ter enfraquecido, mas a vela ainda está acesa”, explica.
Ao realizar a entrega das carteiras, a superintendente Kátia Maia Flores reforçou a importância do documento em garantir a participação de artesãos em oportunidades oferecidas pelo Programa do Artesanato Brasileiro (PAB). “Esse trabalho do artesanato é muito importante para a secretaria. Vocês reforçam a ideia de que o artesanato é mais que um fazer cultural, é um fazer que gera renda, trabalho, qualidade de vida, autonomia e dignidade. A carteira do artesão, simbolicamente, traduz tudo isso”, disse.
Com a entrega, Maria José Cape também comentou a necessidade do documento. “Hoje nós viemos receber a carteira, que é muito importante para mim e para o meu povo, para as mulheres artesãs”, disse ao ressaltar a importância de aproveitar a abundância das matérias-primas naturais, presentes em sua aldeia.
Carteira do Artesão
A Carteira Nacional do Artesão é a identificação do artesão, prevista na Lei nº 13.180, de 22 de outubro de 2015, válida em todo o território nacional, com validade de seis anos. O documento é oferecido pelo Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) e permite aos artesãos cadastrados a participação em eventos, feiras, oficinas, cursos, entre outras oportunidades oferecidas pelo PAB.
Essas emissões colaboram para a regularização e o desenvolvimento da atividade manual, além de permitir que novos profissionais sejam descobertos. Os artesãos também podem fazer o cadastro on-line, no Portal do Artesanato Brasileiro, através do Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (SICAB), mecanismo com o propósito de prover informações necessárias à implantação de políticas públicas e ao planejamento de ações de fomento para o setor.